O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, usou o momento da leitura do relatório da ação penal que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por um plano de golpe de Estado para mandar um recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O relator do caso afirmou, diante dos advogados dos réus, que houve uma série de condutas dolosas e conscientes de uma organização criminosa que passou a agir “de forma covarde e traiçoeira para tentar coagir o Poder Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal, e submeter o funcionamento da Corte ao crivo de outro estado estrangeiro”.
Moraes enfatizou que a Corte vai julgar o caso com imparcialidade e aplicar a justiça a cada um dos casos concretos, independentemente de ameaças ou coações, “ignorando pressões internas ou externas”.
Era esperado por colegas que Moraes faria uma fala em defesa do tribunal, depois das sanções aplicadas por Trump contra ele, por meio da lei Magnitsky, além da suspensão de vistos de outros oito integrantes do STF por ordem do governo americano.
A primeira sessão do julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista começou na Primeira Turma da Corte sob forte esquema de segurança, com drones e cães farejadores no aparato de policiamento.
No plenário, o clima é tranquilo, com a presença de apenas um réu: O ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira. Segundo o advogado Celso Villardi, o ex-presidente vai acompanhar a análise do caso pela televisão, em casa, onde está em prisão domiciliar.
Os deputados federais Lindbergh Farias, Jandira Fegali e pastor Henrique Vieira são os únicos parlamentares dentro do plenário. Nenhum aliado de Bolsonaro participa do julgamento até o momento. A expectativa dos ministros é que será possível ouvir todos os advogados dos réus ainda hoje, e amanhã, na sessão que será realizada só no período da manhã, dar início aos votos.
O primeiro a votar será o relator, Alexandre de Moraes. Depois, pela ordem, apresentam seus votos os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma.