Uma professora de espanhol da escola Maria Amália Cardoso, em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, é acusada de ter aplicado um golpe com o dinheiro de formatura dos alunos do 3º ano no ensino médio. Segundo relato dos pais e estudantes, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 30 mil.
O dinheiro vinha sendo arrecadado desde fevereiro através de rifas, eventos beneficentes e venda de alimentos, para viabilizar a formatura ao fim de 2025. Além disso, cada estudante contribuía mensalmente com R$ 150.
Segundo a denúncia, a professora se disponibilizou para intermediar as negociações com a agência responsável pela festa de formatura. Ela apresentou o contato do dono de uma empresa, com quem ela já havia trabalhado em outras ocasiões. Confiando na professora, a turma aceitou a proposta.
“Entramos em consenso na turma e ela ficou responsável por repassar os nossos valores para ele. Fomos descobrir a situação [do sumiço do dinheiro] na sessão de fotos da formatura”, relatou Rafaela Marques, formanda da turma, ao ND Mais.
O ensaio fotográfico foi o primeiro contato da turma com o organizador da festa. Na ocasião, os alunos descobriram que ele havia recebido apenas R$ 4 mil. Os estudantes alegam terem repassado R$ 34 mil para a professora.
“Ficamos apavorados. Chamamos nossos pais e a polícia até à escola. Ela sempre se esquivou, dizia que não era ladra, que iria pagar, mas até agora não temos resposta do que fez com o dinheiro”, descreveu a aluna.
Mãe relata suspeitas de desvio de dinheiro de formatura e pagamentos sigilosos via Pix
Ao ND Mais, a mãe de outra aluna, que preferiu não se identificar, disse que as suspeitas começaram quando a professora passou a pedir pagamentos via pix. A mulher teria dito que o valor seria convertido para dinheiro físico e destinado às empresas contratadas.
“Como conseguia tanto dinheiro físico se a maioria pagava mensalidades e rifas por Pix? Pensamos que estava usando os pais para ‘lavar’ dinheiro de outras fontes”, afirmou a responsável por uma das formandas.
Segundo a vítima, a professora também pedia transferências via Pix de forma sigilosa, alegando que sua mãe estava em tratamento de câncer. A reportagem tentou contato com a professora, mas até o fechamento da matéria, não obteve retorno.
“Não sou bandida”, disse professora em mensagens
Em mensagens enviadas aos pais e alunos, a professora admitiu não ter repassado os valores na integralidade, mas que estaria em busca de resolver a questão. “Não sou bandida. Todo o valor será devolvido. Demorei muito para chegar a ser professora. Sei que agora vou ter que responder na delegacia, mas tudo será pago”, afirmou a docente através de aplicativo.
Os pais e alunos registraram um boletim de ocorrência relatando o caso. Além disso, registraram uma notícia fato junto ao Ministério Público de Santa Catarina. A Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina informou que a profissional foi afastada da escola e, aos pais dos alunos, informou ainda que abriu um procedimento interno para apurar o caso.
Para tentar viabilizar a formatura, que deve ocorrer no dia 13 de dezembro, a turma organizou uma vaquinha on-line. “Não temos tempo e nem dinheiro para ficar arrecadando todo dinheiro que passamos o ano inteiro trabalhando para levantar. Estamos tentando o possível, os pais estão muito empenhados”, descreveu Rafaela.
A Polícia Civil tomou conhecimento do caso, que já foi repassado ao delegado responsável para instauração de inquérito policial. O caso também foi denunciado ao Ministério Público de Santa Catarina.
