Ícone do Clima Carregando... Temperatura: ...

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

‘Muro do Bope’ foi criado para empurrar suspeitos para área de mata, diz PM

A megaoperação realizada na terça-feira (28), que resultou na morte de 119 pessoas nos complexos da Penha e do Alemão, foi marcada por um plano das forças de segurança para encurralar criminosos e empurrá-los para uma área de mata, onde equipes do Bope estavam posicionadas. A informação foi confirmada pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo […]

A megaoperação realizada na terça-feira (28), que resultou na morte de 119 pessoas nos complexos da Penha e do Alemão, foi marcada por um plano das forças de segurança para encurralar criminosos e empurrá-los para uma área de mata, onde equipes do Bope estavam posicionadas.

A informação foi confirmada pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo Menezes, durante uma coletiva de imprensa realizada para comentar os resultados da operação, considerada uma das mais letais da história, superando até o Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, em São Paulo.

Durante sua fala, Menezes negou que a operação, que mobilizou mais de 2,5 mil policiais militares, tenha sido improvisada. Segundo ele, a região foi estudada, e a ação teve início no Complexo do Alemão, com incursões simultâneas do Batalhão em diferentes áreas das 26 comunidades que compõem os dois complexos.

“O que a gente trás de diferente nessa operação, em que as imagens ‘marginais da lei’, ‘narcoterroristas’ fortemente armados, que buscavam refúgio na área de mata dessa região foi a incursão dos agentes do Bope na área mais alta da montanha da Serra da Misericórdia que divide esses dois complexos. Criamos o que a gente chamou de ‘Muro do Bope’, ou seja policiais impulsionados nessa área fazendo com que os marginais fossem empurrados através das nossas incursões para áreas mais altas”, explicou.

O secretário afirmou ainda que o objetivo da isolação na mata foi “preservar o interesse público e garantir a segurança das pessoas de bem que moram naquela região”. Segundo ele, os suspeitos que não quisessem participar do confronto tinham “a opção de se render”, assim como os que “acabaram presos” durante a operação.

Operação foi um “sucesso”, dizem autoridades

Em entrevista coletiva, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que “tirando a vida dos policiais, a operação foi um sucesso”, mesmo após os mais de 119 óbitos registrados durante a ação. O secretário de Segurança Pública, Vitor Santos, também reiterou a declaração na tarde desta quarta-feira (29).

No entanto, a megaoperação provocou caos na cidade, transformando a paisagem em uma verdadeira zona de guerra. Escolas e unidades de saúde foram fechadas, e as principais vias da região ficaram interditadas. Apesar do governo estadual divulgar 119 mortos oficialmente (58 no dia da operação e outros 61 corpos encontrados na mata), a Defensoria Pública contabiliza mais de 130 vítimas.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou “estarrecido e surpreso” com a dimensão da intervenção policial. Castro, por sua vez, disse ter solicitado apoio às Forças Armadas, mas que o pedido foi negado, informação que contraria a versão de Lewandowski, que informou que nenhum pedido formal de ajuda foi recebido pelo governo federal.

O que sabemos da megaoperação

A operação, considerada a maior da história do estado, teve como objetivo combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e prender lideranças criminosas que atuam no Rio e em outros estados. As forças de segurança tentam cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes da facção, 30 deles em outros estados, com destaque para membros no Pará.

O confronto durou mais de 12 horas e causou vítimas entre agentes e moradores. Além de deixarem três moradores feridos com balas perdidas.

Após a ação, o dia nesta quarta-feira (29), amanheceu com corpos espalhados e enfileirados pela Praça São Lucas, no complexo da Penha. O ativista e líder comunitário Raull Santiago, relatou o drama vivido por moradores que sentiram “cheiros de pessoas mortas” pela comunidade. Santiago também afirmou que em outras partes da favela tinham corpos espalhados e pessoas chorando.

Participe do grupo e receba as principais notícias do Vale do Itajaí e região na palma da sua mão.

Leia mais

PUBLICIDADE